Carlos Narciso -14 de agosto 2020
Túnel de Carenque na CREL, na zona de Belas. Pelo túnel
passam os carros, por cima está um tesouro nacional abandonado.
Quase todos ignoram, menos as autoridades municipais e
governamentais. Mas se os ignorantes ainda têm a desculpa de não terem tido
quem lhes ensinasse, já os governantes não têm desculpa para a inércia, para a
inépcia, para a incompetência. Por cima do túnel existe uma jazida de pegadas
de dinossauros, geomonumento classificado desde 1997 como Monumento Natural.
Descoberta em 1986, a jazida contém um registo fóssil constituído por mais de
uma centena de pegadas do início do Cretácico Superior numa pista com mais de
140 m de comprimento, produzidas por diferentes tipos de dinossauros bípedes e achado foi o célebre paleontólogo Galopim de
Carvalho. Quando o primeiro-ministro Cavaco quis alcatroar o trilho de pegadas
de dinossauro, porque saía mais barato que fazer o túnel, foi Galopim de
Carvalho quem lhe deu luta e obrigou a fazer o túnel. Gastaram-se vários
milhões de euros nessa obra, as pegadas não foram alcatroadas, mas estão ao
abandono. No local há lixo ali deitado por empreiteiros de pequenas obras e de
ausência completa de escrúpulos e há mato.A zona está na fronteira dos municípios de Sintra e Amadora.
Do lado de Sintra está o trilho de pegadas de dinossauro, no lado da Amadora
está uma necrópole (cemitério) do Paleolítico. Ou seja, trata-se de um local
extremamente valioso em termos arqueológicos que está protegido por Lei que ninguém
exerce, embora a Câmara da Amadora desenvolva ali alguns trabalhos de
arqueologia e promova visitas de escolas à necrópole.
Mas o trilho de dinossauros descoberto por Galopim de
Carvalho tem sido ignorado pelos sucessivos executivos autárquicos. Nem Edite
Estrela, nem Fernando Seara, muito menos Basílio Horta, fizeram alguma coisa
para efetivamente resguardar o local da degradação e do mau uso, para fazer
dali um polo cultural e turístico, conforme foi proposto em tempos pelo arquiteto
Mário Moutinho, em 1995.
Um projeto que foi orçamentado em 800 mil euros apenas e que previa a construção de um “pegário”, uma estrutura em vidro sobre as várias pistas, a maior das quais atinge uma centena de metros. Uma escada em caracol da base da laje ao topo da antiga pedreira – onde se situaria o edifício de exposições -, permitiria visualizar as diferentes camadas geológicas e fazia também parte do projeto, que incluía um jardim de minerais e outro com plantas ligadas ao período Cretácico. Um museu geológico. Nunca nada foi feito, a autarquia de Sintra alegou sempre “falta de verbas”, acreditem! (fim de citação)
Um projeto que foi orçamentado em 800 mil euros apenas e que previa a construção de um “pegário”, uma estrutura em vidro sobre as várias pistas, a maior das quais atinge uma centena de metros. Uma escada em caracol da base da laje ao topo da antiga pedreira – onde se situaria o edifício de exposições -, permitiria visualizar as diferentes camadas geológicas e fazia também parte do projeto, que incluía um jardim de minerais e outro com plantas ligadas ao período Cretácico. Um museu geológico. Nunca nada foi feito, a autarquia de Sintra alegou sempre “falta de verbas”, acreditem! (fim de citação)
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